Prof: Ednardo Júnior
Nascido em 8 de maio de 1926, em Itapipoca, Manoel Alves
de Freitas, "Cafita", ganhou este apelido ainda na infância. Dizia
não saber bem o porquê. Filho de João Alves Ferreira Lima, seleiro,
e de dona Maria Alves Freitas, rendeira.
De família pobre, conheceu as dificuldades da vida logo
na infância. Aos nove anos viu seu pai
abandonar a mãe e seus oitos irmãos, que para sustentar os filhos, começou a
fazer bolos, cocadas e puchadas, e os filhos vendiam nas ruas de Itapipoca no
horário do contra turno escolar.
Por volta de 1957, após seu irmão mais velho, que era
vendedor de passagens, passar em um concurso público, Cafita,
deixou o oficio de vendedor de quitutes e passou a trabalhar na empresa que seu
irmão prestava serviço, a Auto Viação Horizonte, companhia em que ele trabalhou até o fim de
sua vida terrena.
Enquanto vendia passagem, virou dono do Cine Itapipoca, em
1962, instalou alto-falantes a cima do ponto comercial situado na frente da
Praça Getulio Vargas (Praça dos Motoristas), no antigo Mercado da Carne.
Inaugurando uma nova fase de sua história de vida, a partir deste momento a
irradiadora passava a fazer parte do dia a dia da população de Itapipoca,
tornando-se o comunicador mais popular de nossa cidade.
Na década de 1960, a cidade de Itapipoca era acordada com
os seus alto-falantes, dirigindo o seu cordial bom dia, a fim de saudar os
passageiros que chegavam e aqueles que partiam, no “avião da horizonte”,
ressaltando também que não esquecia de parabenizar os aniversariantes do dia. Foi
à voz da cidade. Não se pode dizer que competiu com as emissoras de rádio,
porque atuou num nicho muito especial, o do afeto a memória.
Recebeu convites do senhor José Ivo Magalhães a fazer parte
do quadro de locutores da Rádio Uirapuru de Itapipoca, emissora que se interiorizava,
no entanto, Cafita preferia o microfone de sua irradiadora. Lá ele era o dono e
trabalhava das 6:00 (seis) da manhã até às 20:00 (vinte) da noite.
Em sua irradiadora também prestava importantes serviços à
comunidade, dentre eles, anúncio de perca de documentos e achados, pois quando
alguém encontrava algo que não lhe pertencia deixava na agencia para ser
divulgado afim de ser encontrado o dono.
Segundo o relato de sua filha Jacksilene Freitas, em
depoimento concedido aos colaboradores do Blog Museu Virtual de Itapipoca, as
funções do senhor Cafita iriam muito além de simples anúncios, pois se
utilizava desses momentos para pedir ajuda para os menos favorecidos, pedindo a
doação de remédios e outras necessidade básicas para cidadãos que o procuravam,
este espírito de caridade lhe rendeu um outro apelido “Pai dos pobres”.
Teve ainda participação intensa na vida sócio-cultural,
esportiva e econômica de Itapipoca, chegando a ser rei momo e porta-bandeira da
escola de samba tesoura, também como desportista, torcedor do Ceará do
Itapipoca Futebol Clube.
Casado com Dona Maria Rodrigues de Freitas, que nasceu em
1926, mesmo ano de nascimento do Cafita, juntos tiveram 14 (quatorze) filhos, em
2001 (dois mil e um) ficou viúvo.
Foi escolhido pelos seus conterrâneos como, “Itapipoquense
do Século”, uma versão local de um concurso promovido nacionalmente pela Rede
Globo, confirmando assim a sua popularidade e gratidão por parte da população
de Itapipoca.
Faleceu no dia 06(seis) de novembro de 2006 (dois mil e
seis). Estima-se que pelo menos 10 (dez)
mil pessoas participaram do velório, em respeito, o comercio do centro da
cidade fechou as portas em homenagem a este ilustre filho de Itapipoca.
FONTE:
Jornal
o regional – agosto/2015 – ano XV – nº 220 p.62
Jornal
o Centenario – maio/2015 – ano I – nº 3 p.10
Jornal
o povo – Gilmar de Carvalho